A pesquisa tem como referência historiadores como Thomas Defrantz (2014) e Brenda Gottschild (1996, 2005) e seus olhares revisionistas em relação a presença negra na história da dança. O projeto investiga as conexões entre corpo, história, política e processo criativo com o intuito de arriscar pistas sobre como o corpo pode produzir engajamentos criativos que façam da dança um fazer teórico político instaurador de problemáticas, modos e zonas de intervenção no real (LEPECKI, 2017). Baron Samedi é uma performance do artista Clyde Wesley (Alafiju) Morgan, estadunidense atuante no Brasil desde os anos 70, professor da Escola de Dança da UFBA (1971 a 1978), cujo trabalho e atuação afetou profundamente o cenário da produção das danças negras no Brasil. Como metodologia de pesquisa o projeto desenvolveu encontros com o criador, visando reconhecer as razões que mobilizaram o desenvolvimento da obra, chamando atenção para as políticas em torno da elaboração da performance. Tal abordagem se baseia nos processos de desmontagem (DIÉGUEZ, 2018) e na noção de historiografia performativa (FABIÃO, 2012). 

 

A partir da discussão e reflexão sobre as escolhas poéticas e suas motivações políticas, provocamos uma equipe de artistas em formação para desenvolver um processo artístico dialogado e crítico de atualização da obra do mestre. O projeto Baron Samedi, foi realizado com o apoio da UFBA, através do Edital PROPCI-PROPG/UFBA 007/2022 – JOVEMPESQ e empreendeu durante o ano de 2023 o processo de criação de Sábado, criação resultante do processo de desmontagem da performance de Clyde. Pela pesquisa buscou-se colaborar com as novas políticas referentes ao tratamento dos registros históricos das obras no campo das artes e da dança. Atualizando saberes e sedimentando diálogos intergeracionais entre o mestre interlocutor da proposta e os artistas em formação. A pesquisa também contribui na divulgação de olhares atualizados no campo das danças negras e suas mediações com as novas abordagens históricas da dança.